O maior engano que alguém pode cometer no mundo financeiro é achar que entrada e receita são a mesma coisa. Um empréstimo de 15 mil é uma entrada, mas não significa receita, podemos utilizar o mesmo raciocínio quando se trata de saídas e custos. Pagar um fornecedor é um custo, porém ter um prazo de 60 dias para pagar, não significa saída de dinheiro, afinal ele ainda está lá.
Toda essa conversa é para iniciar um tema importante que é responsável pelo fechamento da maioria das empresas no Brasil: Fluxo de caixa!
Saber planejar, elaborar e utilizar as informações do fluxo de caixa é obrigatório para qualquer empresário ou analista, pois sem essa importante ferramenta a empresa poderá sofrer o triste destino de 48% das empresas brasileiras: A FALÊNCIA.
Segundo o Sebrae 56% das empresas possuem planos somente para os próximos seis meses enquanto 17% não possui nenhum tipo de planejamento. Esses dados são importantes porque deixam claro o quanto a falta de planejamento pode encerrar o sonho de grandes empreendedores e o emprego de muita gente boa e competente.
Imagine a seguinte situação: Uma pessoa (Vamos chamá-la de Fernanda) resolve abrir uma loja de vinhos. Fernanda, empolgada com todo o processo de criação de sua empresa, escolhe as melhores marcas de vinho e devido ao seu profundo conhecimento na bebida em questão, ela resolve comprar um bom estoque de aperitivos que harmonizam com cada tipo de vinho existente na sua futura loja.
Fernanda sabe exatamente que pode precisar de 100 mil para abrir a sua loja e sabe que para mantê-la após a abertura terá um custo de 77 mil mensais. Por estar totalmente imersa no mundo dos vinhos e ter escolhido uma boa localização ela calcula que terá uma receita de 85 mil por mês, sobrando assim 8 mil.
Com esses números em mente, Fernanda pega suas economias equivalente a 50 mil e consegue um empréstimo de 50 mil no banco, totalizando 100 mil. Obviamente, o banco não emprestou esses 50 mil sem cobrar juros, sendo assim ele deixou que Fernanda devolvesse esse dinheiro em 10 parcelas de R$ 5.833,33 totalizando 70 mil a pagar para o banco.
Fernanda contrata um design de interiores competente, compra os melhores e mais bonitos móveis e utensílios, abre um site na internet e uma página no Instagram para criar conteúdo e mostrar sua vitrine. Planeja uma grande festa de inauguração. Monta um estoque realmente sólido e sustentável e investe em uma faixada boa e lucrativa.
Sobre a localização, Fernanda escolhe algo perto de um conjunto comercial famoso na região por ser associado a empresas de advocacia e sinceramente, paga caro por esse aluguel, além disso no começo ela decide contratar duas pessoas para ajudar no atendimento da sua loja enquanto foca única e exclusivamente no gerenciamento do negócio.
O grande dia chegou! A inauguração contou com alguns amigos e familiares, alguns futuros clientes chave também compareceram, todos se divertiram, parabenizaram e por fim até fizeram as primeiras compras no cartão de crédito o que faz Fernanda comemorar seus primeiros 5 mil em vendas e já empolgada para no próximo dia ir à loja em frente comprar novos utensílio para sua loja.
No início do terceiro mês com o negócio em pleno funcionamento, Fernanda repara em algumas placas de sinalização na rua de sua loja e uma escavadeira da prefeitura em funcionamento. Sim, haverá uma grande obra na rua do seu comércio, após uma investigação, Fernanda descobre que essa obra durará algumas semanas segundo o site da prefeitura, que informou em seu portal no último momento possível. (Semanas segundo a prefeitura… então sabemos que será meses).
O Fluxo de pessoas cai, o estoque fica sem girar por um tempo, as vendas na internet não desempenham conforme o esperado e assim a loja da nossa Empreendedora Fernanda começa a ter sérias dificuldades em pagar seus fornecedores, em pouco tempo seu caixa está quase vazio e seus funcionários talvez precisem ser dispensados.
Para piorar a situação, Fernanda esqueceu que tem que recolher impostos nesse sistema tributário caótico que o Brasil tem. Imposto dos dois funcionários, imóvel, renda etc.
A história acima, apesar de já ter acontecido algo parecido com uma lanchonete em belo horizonte, realmente possui um elemento atípico e difícil de prever: a obra inesperada da prefeitura. Mas se Fernanda tivesse seguido as regras de fluxo de caixa necessário para um bom planejamento com certeza ela teria mais tempo e principalmente tranquilidade para lidar com a situação, afinal no mundo dos negócios, podemos sim esperar o melhor, mas precisamos estar sempre preparados para o pior
Os erros de Fernanda:
O ponto ao qual eu quero chegar é que muitos empresários, fascinados com o processo de abertura esquecem de fazer o seu planejamento financeiro. Geralmente, tem um otimismo exacerbado e acham que tudo vai ser um estouro e sucesso desde o dia 1 do seu negócio e na maioria esmagadora dos casos, isso não é verdade.
Fluxo de caixa é algo importante e sério e deve ser feito de forma meticulosa e séria e deve ser acompanhada com afinco. Esse planejamento pode ser feito via planilhas do Excel e dependendo do porte da empresa pode ser acompanhado do mesmo modo.
Fluxo de caixa é o movimento de entradas e saídas de dinheiro de uma grande dentro de um período determinado. Ele permite acompanhar a liquidez de um negócio e garantir que haja capital suficiente para cobrir as despesas operacionais e investimentos.
Uma gestão eficiente de fluxo de caixa é essencial para sobrevivência e crescimento de qualquer organização. Mesmo empresas lucrativas podem falir se não tiver fluxo de caixa.
Podemos definir quatro grandes objetivos do fluxo de caixa:
Segundo Lawrence Gitman e Alexandre Assaf Neto, o fluxo de caixa pode ser dividido em três grandes categorias:
Fluxo de caixa operacional (FCO): Refere-se às atividades principais do negócio, como vendas, recebimentos de clientes, pagamentos a fornecedores, salários e despesas operacionais. Esse fluxo demonstra a capacidade da empresa de gerar caixa a partir de suas operações normais.
Fluxo de Caixa de Investimentos: Inclui a compra e venda de ativos fixos (máquinas, imóveis, tecnologia), além de aplicações financeiras de longo prazo. Um fluxo negativo pode indicar que a empresa está investindo em crescimento, mas precisa ser equilibrado com a geração de caixa operacional.
Fluxo de caixa de Financiamento: Refere-se às movimentações de caixa relacionadas a captação de recursos, como empréstimos, emissão de ações, pagamento de dividendos e amortização de dívidas.
Para ajudar Fernanda a abrir sua loja de vinhos vamos dividir nosso planejamento de fluxo de caixa em 3 etapas: 1. Investimento inicial, 2. Projeção de receitas e despesas mensais 3. Estratégias de gestão do fluxo de caixa.
Na primeira etapa vamos iniciar com o investimento inicial para a estruturação do negócio:
Na segunda etapa, vamos considerar os custos e despesas fixas, pois é extremamente necessário conhecermos o mínimo que precisamos para manter o negócio em funcionamento.
Com essas informações estaremos aptos a começar a montar um ponto de equilíbrio para Fernanda, sabendo que ela precisará de no mínimo esse valor para manter seu negócio em funcionamento total.
Agora sabemos, que Fernanda precisa de no mínimo 77 mil para manter as portas abertas.
Na Terceira etapa vamos considerar que as receitas virão de três fontes diferentes, que será venda de vinhos, venda de acessórios (como taças e abridores) e de eventos como degustações pagas.
Se observar o ponto de equilíbrio e o conhecimento profundo que Fernanda tem no ramo de vinhos, além de estar imersa nesse mundo. Ela saber que uma loja de vinho do porte dela perto do público-alvo ideal para seu negócio, consegue essa estimativa:
A Receita bruta estimada fica em R$85.000,00. Dessa forma sabemos que Fernanda terá um saldo Operacional de R$7.166,67 do mês 1 ao 12.
Com o capital de giro no caixa, ela pode ficar tranquila com as vendas no crédito, assim como também possíveis imprevistos, podem ser segurados por mais tempo.
O fluxo de caixa é uma ferramenta essencial para a gestão financeira de qualquer empresa, independentemente do seu tamanho ou setor de atuação. Ele permite o controle das entradas e saídas de dinheiro, garantindo que a empresa tenha recursos suficientes para cumprir com suas obrigações financeiras e manter suas operações em funcionamento.
Um fluxo de caixa positivo é vital para assegurar que a empresa possa pagar salários, fornecedores e outras despesas operacionais sem recorrer a empréstimos ou outras formas de financiamento que possam aumentar o custo da operação. Além disso, um fluxo de caixa bem administrado proporciona uma visão clara da saúde financeira do negócio, facilitando a tomada de decisões estratégicas, como investimentos em expansão, aquisição de novos equipamentos ou até mesmo a possibilidade de oferecer melhores condições de pagamento a clientes.
Em tempos de incerteza econômica, o fluxo de caixa se torna ainda mais crucial, pois permite que a empresa tenha uma reserva financeira para lidar com imprevistos e manter-se estável em períodos de baixa nas vendas. Portanto, a gestão eficiente do fluxo de caixa não só garante a sobrevivência da empresa a curto prazo, mas também é fundamental para seu crescimento e sucesso a longo prazo.
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